Pense na hipocrisia do mundo. Que conduzido por indivíduos ínfimos, corrói-se lentamente sem qualquer esperança. Vislumbramos na atualidade um cenário de completo disparato, sem perspectivas de melhorias significativas, que venham a solucionar nossos mais agonizantes problemas.
A desigualdade social que marginaliza grande parte da população global; a violência descomedida contra o ser humano, personificada nas guerras inconsequentes conduzidas por governos ditatoriais e tiranos, cujo principal objetivo é a obcecação pela perpetuação no poder, e usufruir de seus deleites. Mas como se já não bastassem, os horrores dos confrontos armados nos campos de batalhas a dizimar vidas, também vivencia-se a “guerra” urbana, silenciosa e sorrateira, ceifa as vidas dos cidadãos, não importando-se com raça, cor ou status social. As drogas lícitas e ilícitas, aprisionadoras de vidas, nos reduzem a meros viciados e reféns de nossos devaneios. A poluição ambiental, que degrada o Planeta e o conduz vorazmente para a desertificação e o esgotamento das fontes de energia renováveis e não renováveis. Fruto da poluição desenfreada, e da ação humana descabida é a extinção das espécies, frisando que, muitas delas nem sequer chegam a serem conhecidas até mesmo aos clínicos olhos da ciência.
A falta de consciência dos nossos governantes beira ao caos, alianças políticas esdrúxulas, tomadas de decisões baseadas em interesses financeiros, com o objetivo sempre de auferir vantagens pessoais. Resumidamente falando, pensam primeiro no “eu”, em detrimento ao “nosso”, em satisfazer seu íntimo e insaciável ego. Não levaremos em conta a capacidade cognitiva e preparação para o cargo público que o indivíduo irá exercer. Pois a democracia preconiza no seu âmago que, todo o cidadão apto a votar e escolher o seu representante está teoricamente capaz de ser escolhido para exercer um cargo público.
Os problemas de ordem econômica, e social enfrentados atualmente são o fruto de nossa incompetência, e sagaz ganância. Somos incapazes de primar pelo coletivo, pensamos e agimos sempre localmente e individualmente. E estas atitudes refletem-se diretamente nas organizações público/privadas, que se desenvolveram ao longo dos tempos. Caracterizadas e marcadas profundamente pelas particularidades que compõe o caráter humano, “lapidado” e “aprimorado”, através dos séculos. A economia mundial, voraz e selvagem sustenta-se no consumismo desenfreado. Esvaece os recursos do Planeta, pondo em risco o seu futuro. E empurrando milhares de indivíduos para a pobreza e exclusão social. Fruto da extenuante competitividade no exigente, implacável e excludente mercado de trabalho. Como também do próprio sistema que vigora atualmente, e embasa-se na visão focada no “lucro”, sem preocupar-se com as pessoas, a parte viva e pulsante da economia.
O Homem vangloria-se de seus feitos, canoniza heróis, eleva-se diante das demais espécies e até mesmo diante de seu semelhante, exalta suas realizações como se fosse um Ser Supremo e invulnerável, ignora sua própria estupidez e limitações. Colocando-se sempre como o centro do Universo, nos vimos erradamente como a luz que irradia conhecimento e sabedoria aos mais longínquos e inóspitos cantos da Terra e do Cosmo. Acreditamos piamente que somos a mais importante engrenagem, do vasto e brilhante ecossistema da Terra. Quando na verdade constituímos uma parte dele, como qualquer outro ser animado ou inanimado. Temos nossa importância sim! E não podemos abnegar esta verdade. Mas qual outra espécie por mais insignificante que seja aos nossos ingênuos olhos não a tem? Todos, seres “animados” e “inanimados”, são partes formadoras do exuberante, exótico e diversificado ecossistema terrestre. O fato é que por circunstâncias evolutivas, pensamos e agimos localmente, não nos damos em conta que muitas vezes uma atitude ou ação impensada e imprudente, poderá replicar em distintos locais do Planeta, e até comprometer as futuras gerações. E por pensar localmente, caímos na nossa maior cilada, a de acreditarmos ser o centro do Universo, quando na verdade o que realmente somos é um insignificante “grão de areia” em meio a uma enorme praia. Damos tanto valor a nossos bens materiais, que ficamos arraigados a eles como se fossem objetos de valor imensurável. E a cortina de ignorância que veda nossos olhos, nos impede de vermos e sentirmos a maravilha deste Planeta, uma jóia frágil e rara perdida entre as onipotentes galáxias, que se expandem e se distanciam a cada fração de segundos. (Daniel Marin)