Centro-me em você

 Em um curto espaço de tempo perco a noção,

...a noção e a clarividência da minha própria,

Existência.

Como se estivesse sorvido pela sua sensualidade,

Habito um mundo a parte da realidade racional.

E por um momento, sem igual,

Centro-me apenas em você.

Manhãs Cinzentas

As manhãs cinzentas tomam de assalto o coração,
Aquele frio conjugado com a neblina espessa,
Arrebata os sentimentos que borbulham internamente.

E sob as intrépidas sensações,
Somos impelidos a refletir, erigidos com a égide. 
De nossas próprias convicções.

E esta atmosfera ardente, fervilhante,
Nos empurra tenazmente para o abismo,
Da transcendência lúcida,
Ou de uma sã loucura.

Ser senhor do próprio pensamento,
Pode parecer notoriamente fácil,
Uma tarefa deveras alcançável.
Entretanto nem sempre se configura,
Sob este prisma translúcido.

E alojados em nossas próprias prisões,
Tentamos discernir o real do irreal,
O extraordinário do racional,
E em meio a este intrincado arcabouço,
Vivemos,
Embebidos em antagonismos que nos dilaceram.

Olho pela janela

Olho pela janela e vejo a névoa,

Lá na esquina, vejo pessoas andando deliberadamente para ambos os lados.

Em um emaranhado de trajetórias distintas,

Num sem fim de caminhos.

Os blocos frios de concretos,

Petrificam o ambiente inóspito,

Embrutecendo profundamente as pessoas.

Nas ruas calçadas de pedras úmidas... Irregulares por natureza,

Abarcam os caminhos a serem seguidos,

Em um dia qualquer da infame rotina.

Vias de locomoção,

Rastros imaginários deixados para trás.

Calçadas, canteiros, postes e meios-fios,

Emolduram o retrato ardil. 

Da realidade fria.

Quando penso na poesia

Quando penso em poesia, eu penso na intensidade. Sim! A intensidade para mim é o combustível dos meus versos. E eu procuro me debato até, com os pensamentos, na ânsia de traduzir fielmente em palavras o que sinto, naquele exato momento em que escrevo. Invariavelmente cometem-se gafes, erros e exageros, mas é sempre com a nítida vontade de buscar em cada palavra, em cada frase a revelação sublime do que se sente. E assim sigo de recorte em recorte de tempo, tentando capturar na esfera do pensamento os sentimentos e inspirações que acometem minha alma, com o intuito de refleti-los no espelho polido dos meus escritos.

Fecho os olhos para sonhar

Fecho os olhos para sonhar,

Sonhar com um futuro bom,

Bom o bastante para sorrir,

Sorrir sem medo de ser feliz,

Feliz para contemplar o mundo,

O mundo que é nossa bela casa,

Casa nosso lugar a terra azul,

Azul a cor cintilante dos céus,

Céus aonde nossos sonhos voam,

Voam entre as nuvens coloridas,

Coloridas como as flores dos campos,

Campos verdes e abertos para o horizonte,

Horizonte é até onde a vista pode alcançar,

Alcançar nossas metas e objetivos,

Objetivos são os anseios que desejamos,

Desejamos a felicidade, a paz e o amor,

Amor o sentimento que une os homens,

Homens criatura difíceis de compreender,

Compreender nosso grande desafio,

Desafio é enfrentar as adversidades,

Adversidades todos nós passamos,

Passamos como a água do córrego,

Córrego límpido de águas abundantes,

Abundantes são as formas de expressar,

Expressar o sentimento guardado,

Guardado no emaranhado de emoções,

Emoções intensas o que nos move.

Brilho do seu olhar

Queria tanto sentir o brilho do seu olhar,
E experimentar o que eu não posso ter.

Nem que fosse por um ínfimo momento,
Desfrutar da sua presença renovadora.

Aquecer-me em seu corpo amor,
Como na primeira vez que te tive.

E viajar numa doce fantasia,
Tendo você como minha guia.

E neste meu peito atingido,
Restou um vazio acalentador.

As cicatrizes teimam em sarar,
E sangram pouco a pouco lentamente.

Demonstrando um sentimento vívido,
Como a luz dos seus olhos tão lindos.

Cantar da Juriti

Perco-me em meus pensamentos,

Em um devaneio breve e sedutor,

Nas brisas mansas da aurora,

E no cantar belo da juriti.

Oh! Confortante sinfonia.

Malogrado com minhas inquietações,

Sinto aquele puro cantarolar,

Embalar minha alma e meus sonhos.

Transportando-me para o infinito,

Em caminhos deleitosos e surreais.

Viajo para mundos ilusórios,

Onde a mente nunca supôs estar.

Como um simples gracejo,

De um pássaro? Pode desencadear.

Uma sucessão de sensações,

Um turbilhão de emoções.

Prendo-me neste instante,

Emoldurado na realidade abstrata,

Fincada sagaz, em minha mente,

E voo livre...