A
ciência praticamente dita o nosso ritmo diário, as suas elucubrações e
preceitos são agentes balizadores da sociedade global contemporânea. Os
resultados das suas pujantes descobertas são sentidos na rotina diária das
pessoas, portanto também se credita a ciência, o fato da significativa melhora
das condições de vida do homem na atualidade; caso traçarmos um paralelo entre
o agora e tempos passados. Entretanto a mesma ciência que melhora a vida das
pessoas com os seus avanços nem sempre convergentes, subjuga e oprime o ser
humano, quando não é usada para fins benéficos, e sim como uma ferramenta de
dominação e dogmatização, direcionada para um propósito escuso. Com a ânsia, a
objetividade e a coragem de tentar em poucas e singelas palavras, conceituar de
uma forma geral “o que é ciência”, discorrendo um pouco sobre as suas
superficiais especificidades, prosseguiremos estes escritos.
Ciência
é um conceito que pertence à modernidade, o seu embasamento e pilares
solidificadores fundamentais pertencem a um período relativamente recente, isso
remonta a meados do século XVII. Porém não devemos sob-hipótese alguma,
ficarmos cerceados apenas na modernidade para objetarmos e dissertarmos sobre
ciência. É preciso percorrer as tortuosas e acidentadas estradas do pensamento
humano, da civilização na sua gênese, em tempos remotos e imemoráveis que não
se podem mensurar em datas específicas, e muito menos corroborar com provas
concretas, da qual a ciência também se apoia. Durante longos séculos, a experimentação andou
separada da teorização, uma não se juntava com a outra. Existia uma barreira
intransponível entre ambas, devido à religiosidade, a concepção de mundo e doutrinas
filosóficas que havia nas civilizações da época, e brecaram os seus
desdobramentos futuros, ressoando até meados do século XVII.
A
ciência é primeiramente um empreendimento exclusivamente humano, feita por
mentes questionadoras que não aceitam respostas fúteis e supérfluas para
questões que envolvem o cosmo, a natureza e os fenômenos indecifráveis e
desafiadores que cerceiam nosso pensamento. O fruto puro do exercício e do
desenvolvimento da razão que proporcionou um questionamento aprofundado, do
objeto amalgamador da ciência; a aproximação da verdade, no que concerne a um
fenômeno natural. A ciência não é constituída da verdade absoluta, ela
justamente “avança” e “retrocede”, tangencialmente via a falseabilidade das
suas próprias teorias, sendo um instrumento que já na sua essência carrega a
refutação de suas próprias afirmações. Uma teoria científica é válida até que
se apresentem provas concretas, e baseadas na pesquisa e na experimentação que
comprovem a sua falseabilidade. Portanto na ciência a verdade é filha da
experimentação e não da autoridade. A necessidade da uma explicação natural e
lógica, mensurável e possível, sem recorrer ao extraordinário, foi
indubitavelmente um fator preponderante para a gestação da ciência nas
sociedades e como é hoje. A ciência pode ser direcionada para um fim, que não
necessariamente represente e se converta em benefícios para a humanidade,
ocorrendo isto quando é inclinada para interesses de dominação, opressão e
poder. (Daniel Marin).