Nas tardes vazias
somente o sol e a chuva,
Lá fora além do
retângulo da janela.
São caladas
testemunhas estas sutis palavras,
Que se oportunas, são
como luva.
Nesta exposição sem
meias delongas.
O vazio nos consome
lentamente,
Sem a mínima pressa
possível,
E dilacera sem dó e
nem piedade,
O sentimento que se
tem.
O vem e vai das
pessoas,
A rotina diária que se
segue a cada segundo,
Como se ignorassem na
totalidade,
Os sentimentos
individuais aprisionados.
Somos embrutecidos pelo
hábito,
Sorvidos numa
atmosfera inumana,
De pensamentos
cerceados pelo ego,
Que inflige dolorosas
e ignoradas sensações.
É difícil ser
sentimental neste mundo,
Saber ouvir e ter
paciência,
Exercer a calma e a
clemência.
Colocar-se no lugar do
próximo, a empatia,
Compreender, aceitar,
Ser húmil.
Tirar instantes do
precioso tempo,
Para simplesmente
observar os pássaros,
A planura dos seus
voos nos céus.
Sentir o frescor da
manhã.
Degustar a doçura das
maçãs.
E se regozijar com os
detalhes ínfimos,
Que este mundo propõe,
E que no fundo fazem
toda a diferença.
DANIEL MARIN - autor